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POR QUE FALAR SOBRE PERMACULTURA? Parte I

AMAR E PERMITIR

O AMBIENTE EM QUE VIVEMOS



A gente sabe que muita coisa mudou e ainda vai mudar depois da pandemia. Afinal, para quem sobrevive as doenças sempre vem uma lição, um fortalecimento, em todas defesas do nosso corpo, seja em qualquer nível.


Então, eu lanço a reflexão a você que se interessa pela temática.


Como o nosso corpo tem a ver com a sustentabilidade do planeta?


Eu estudo e trabalho a permacultura desde 2017, e pode até parecer coisa de educador físico ou de quem pratica algum tipo de arte marcial, esporte ou a fins, falar do corpo e da saúde.


É que neste caso, eu quero falar da capacidade de trabalhar com ferramentas manuais, capacidade de encontrar no seu ambiente as condições naturais já existentes, fazer a leitura de paisagem do ambiente, se relacionar. Seja esse ambiente uma casa na cidade, um jardim no apartamento, a sala do escritório, um sítio abandonado, uma praça, um bosque. A ideia aqui é organizar os ambientes favoráveis à qualidade de vida e saúde.


Em algumas situações gosto de chamar “ferramentar”, esse exercitar o ofício e o trabalho corpo x ferramenta. Isso porque quando “pegamos” as ferramentas, desde os tempos remotos, algo se transforma no humano e nessa relação, que quanto mais exercitada, ativa memórias. Elas podem vir da infância, da colheita das frutas, dos legumes, do fazer o pão, hum...cheirinho quentinho com manteiga, vir do envolvimento direto nas atividades que conservam naturalmente a vida. Criam-se novas memórias ao exercitar, expandir a nossa compreensão atual do mundo em plena pandemia.


Tesouras? Aquela que corta tecido? Corta fios? Ou poda plantas?

Enxada, enxadão, enchadeco? ferro de cova, boca de lobo, carrinho de mão, facão, estilete. São inúmeras ferramentas, essas são poucas das que eu uso pelos ofícios que escolhi exercitar. E sei que os ofícios manuais e a capacidade humana juntos, tem como potência estão em vários setores, com diversos materiais.


Eu escolhi ser professora e meu lugar hoje é educar para a transição de vida. A vida para a sustentabilidade, e como tem sido isso?


Figura 1 Bananal em torno da nascente dentro da cidade em Nova Friburgo RJ, Encontro PAIDAGÓGICO Escola Municipal


Fonte: arquivos pessoais abril de 2019



Figura 2 Trabalho de colheita, limpeza para preparação de tratamento do bambu mirim – Maringá 2018


Figura 3 Detalhamento do processo de tratamento por fogo bambu mirim


Fonte: arquivos pessoais agosto de 2018


Figura 3 Detalhamento do processo de transformação do bambu pelo tratamento por fogo


Fonte: arquivos pessoais agosto de 2018

Percebi nesses estudos práticos do fazer e reflexões o quanto a desconexão com o corpo e ambiente, nos embrutece, é como se afastar nós mesmos. A natureza humana é procurar estar perto do que é natural, a natureza das estações, da própria percepção do ambiente, dos processos metabólicos, sono, alimentação, comunicação, atenção, luz, umidade etc.


Existem muitos motivos para isso não acontecer de forma harmoniosa nos dias atuais.


Vejo para além, da carga horária de trabalho, a utilização da força corporal, mental desalinhada as capacidades naturais. É também nos momentos de lazer dedicados a locais fechados, shoppings, restaurantes, redes sociais, filmes, séries, o corpo não interage com o ambiente real.


E isso não é somente saber sobre si.

É também sobre refletir: quem disse que tem que ser assim? Para se ter vida digna, a ponto de se exaurir? A ponto de se perder de si?!


Quando se perde o fio da meada sobre seu próprio corpo, como respeitar o corpo do outro? Como permitir que o outro seja, afinal você não pode ser você mesmo? E isso gera muita violência, muita estagnação e apatia. Que a sociedade é o que é, e aquela sensação de que nada pode ser feito toma conta. Porque vida exige muita energia? Ou é a busca pelo equilíbrio? Pela edificação, trazer segurança e seguir em constante movimento. Não é estagnação, não é acumular, porque assim o fluxo natural é impedido de continuar.


Então ao meu ver, a educação, a formação que aproxima o corpo do ofício, do processo único de estar aqui, agora, de se perceber corporalmente falando o quanto você é potente e capaz de REALIZAR!


Por isso eu escolhi me dedicar a produção de alimentos, criações de adaptações naturais em qualquer ambiente, porque é minimamente isso que precisamos para sobreviver. E nessa dança corpo, ferramentas, ofício e mente eu entendi, o que eu devo fazer nessa terra e nesse tempo.


Essa educação para a transição precisa ser bem vinda para todas as idades, um ambiente onde crianças de 0 a 100 anos possam conviver e aprender a se relacionar novamente com o ambiente. Demanda tempo e energia essa transição!


Esses lugares transformados que podem ser um escritório no vigésimo andar de um prédio, a loja de doces da esquina, o quarto de costura, a cozinha de casa, a sacada do apartamento ou o prédio corporativo. E é a permacultura a ferramenta que escolhi para me ajudar nesse processo.


E assim gerar trabalho, renda com sustentabilidade para viver bem e fazer acontecer. Compreender o fluxo dessa energia que precisa seguir.


Eu vejo o trabalho com as ferramentas manuais, com uma constante fluidez de energia de criatividade, de desenho, de abertura e edificação. Saber de si gera empatia, porque você se sente bem consigo e consequentemente pode vir a refletir sobre o que outro lhe apresenta.


Serafis um arcanjo mandou uma mensagem para os seres humanos, amar=permitir, então para mim não existe outra forma de fazermos a transição de vida sustentável e saudável, amando o fato do ser humano poder FAZER as coisas, permitindo que os ambientes se modifiquem e se revelem.


Convido a todos que estão lento esse texto a se perceberem enquanto seres humanos responsáveis por essa transição.


Deixo a reflexão de uma das correntes filosóficas que estudo, a antroposofia.


E convido a revisitar e acompanhar as outras duas partes nos próximos textos da série: PORQUE DEVEMOS FALAR SOBRE PERMACULTURA?


Até lá!


Meditação

Rudolf Steiner

Eu procuro no interior A atuação das forças criadoras A vida das potências criadoras. Diz-me A potência da gravidade da Terra Por meio da palavra de meus pés, Diz-me O poder da forma do ar Por meio do cantar de minhas mãos, Diz-me A força da luz do céu Por meio da reflexão de minha cabeça, Como o mundo, no ser humano Fala, canta, reflete.

Fonte: GA 278, palestra de 27/2/1924, p. 203. Trad. VWS; rev. SALS.


Texto desenvolvido por Thaise Roth

Permacultora/educadora

Estudante livre de antroposofia, agroecologia e bambu

Especialista em Pesquisa Educacional

Mestra em Ensino de Ciências e Educação Matemática

Licenciada em Ciências Biológicas

Concretizadora de sonhos, idealista e otimista!

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